quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Um olhar pela janela




Ela estava sentada. De onde estava podia ver através da janela. Ela nunca havia sentido aquilo antes.
Era como se uma idéia estranha tomasse conta de sua mente, seu corpo e sua alma.
Ficou ali, perdida naquele ponto fixo, que ninguém mais via.
Havia tanta pressão, tanta coisa para fazer e todos na verdade, não se preocupavam com ela. Que todos?
Que família?
Era um escritório grande, cheio de mesas. Não havia repartições.
Você pode pensar que era um tumulto aquilo.
Eram muitas mesas. Muitos telefones. Muitas vozes. Muitos compoutadores e muitos teclados.
Tudo era agradável até. De uma forma que ninguém entendia.
Numa época em que todos esqueceram de praticar a comunicação ao vivo, aquele escritório tinha seu ar estranho e aconchegante ao mesmo  tempo.
Funcionava.
As pessoas se tocavam. Sorriam. E aprendiam a ler expressões faciais, ao invés de associar dois pontos e parênteses com felicidade.
Ela não pensou tudo em tudo isso naquele momento. Era apenas parte do que ela era. Tudo isso era como sua respiração. Ela não pensava, mas era vital.
O que lhe ocorreu naquele momento foi mais filosófico e ela nem ao mesmo sabia o porque.
Através da janela ela não via nada. Apesar de olhar fixamente.
Seu vizinho de mesa percebeu seu encantamento. A tanto tempo ele queria lhe dizer tantas coisas, que o tempo já não permitia  o sentido, e então, se esquecera de como a achara especial desde o primeiro dia que começou a trabalhar ali. E nunca mais esqueceu o perfume do seu lindo cabelo amarelo.
Curioso, ele encarou a janela. A paisagem após a janela. Mas não viu nada.
E então, esqueceu do foco e ficou ali. Contemplando algo que tinham em comum.
Logo, todos do escritório aderiram a causa. A fofoca se espalhou. E todos olhavam para aquele ponto, tentando entender.
Não houve precisão temporal. Ela apenas pensou em um monte de coisa, que no fim das contas, nem eram tantas coisas assim,  o tempo passou, e não foi tanto tempo assim. Apenas se deu conta que há muito, muito, muito tempo não acontecia nada em sua vida.
Há muitos anos não havia motivos para chorar, ou mesmo para esplodir de felicidade. Tudo estava ok.
E aquilo dava medo nela.
 Porque era como o felino, esperando para pular no pescoço da caça e fazê-la sangrar até a morte.
Estava tudo quieto demais.
So se ouvia um telefone chamando ao longe. Insistentemente.
Em seguida, vários toques de chamadas. Pareciam um coro desesperado chamando pelo mundo real.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Família.

O primeiro passa é admitir que vc não sabe bost* nenhuma...
Sair de casa entendendo que sempre haverá alguma coisa a aprender. Se abrir para o mundo e suas oportunidades... Não se engane, sempre haverá alguém para substituir você. Essa é uma das poucas certezas que você pode ter.
Hoje revisei o conceito família.


Umas das coisas mais dificeis em pediatria é atender a criança com o pai.
O pai sempre é complicado. Sempre têm dificuldade em lembrar dos detalhes. E os detalhes são muito importantes.
A mãe sabe explicar exatamente a cor, a textura, a consitência, a quantidade e a frequencia do cocô do filho.
O pai entende que é apenas cocô, o filho faz e já está de bom tamanho.
Quando vemos a criança com o pai, já nos preparamos, vai faltar muitos detalhes das informções.

Hoje atendemos essa criança, um garoto com um clássico tênis do "ben 10", cinco anos de idade e prolixo. Ele veio acompanhado do pai. Confesso que já respirei fundo. Mas tudo bem, era só um retorno, muitas das informações já deveriam estar na pasta.
O pai, tinha um problema para andar, o fazia com ajuda de um apoio e ficou ali em pé, timido, recostado à parede, e por mais que nos esforçassemos ele se recusou à sentar. Era compreensivo, porque iriamos ver a dificuldade que ele teria e isso o deixaria vulnerável. Coisa que ele não queria transparecer.
Era um homem muito simples, com boa postura e orgulhoso por ser quem era. Parecia que ele sabia exatamente isso.
Foi uma das minhas primeiras lições, somos nós quem dizemos quem somos. Não vem do meio. Vem da gente. E é tão raro a gente saber disso. Mas ele, sabia.

E então a consulta começou, e ele sabia explicar tudo. Não vou dizer que não existiram outros pais tão atenciosos, mas são raros.
Bem atento aos comentários e orientações, bem humorado, com toda sua simplicidade, demosntrou que era um bom pai.
Explicamos tudo que era necessário, nos apaixonamos pelo garoto e todo seu conhecimento pelos monstros do "ben 10".

No fim, descobrimos que o garoto era adotado. O pai, o encontrara abandonado pelas ruas, o levou para casa, ofereceu um lar e mudou o nome dele.
Na hora foi só uma história bonita, raras de se ver.

Mas agora, cheia de inspiração, aprendi mais uma coisa. Ou reforcei o aprendizado.
A família.
Aqueles que a gente escolhe sim, amar. Não o acaso.
Aquele homem, deficiente, com todas as suas limitações, que com certeza não sei detalhar, abriu seu coração e sua casa para receber um estranho e construir uma família.
Não havia cor, errado, diferente, dificuldades, limitações, ofensas, que poderiam interferir.
Havia amor.

Quando nos apaixonamos, escolhemos alguém para construir uma família. Quando a mulher está gerando o filho, todos ESCOLHEM amar aquele novo integrante.
Quando fazemos novas amizades, escolhemos.
Não é diferente da adoção.
Família, a gente escolhe.
Ou pelo menos, decide se ama ou não.

Então, é assim, você tem esses bonecos brancos, carecas e sem graça.
Você pode escolher passar o resto da vida reclamando, porque seus bonecos são feios e defeituosos, enquanto os do seu vizinho são bonitos, azuis e cabeludos.

Ou, você pode pintá-los. Aumentá-los. Vesti-los. Comprar uma peruca. Desenhá-los com lápis de cor.
E amá-los.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Coisas que não deveriam acontecer...

Paixão não correspondida...



Um coração quebrado, é triste e solitário.

A melhor coisa do mundo é o começo de um romance. Os olhares tímidos. A ansiedade e as descobertas.
O toque é altamente excitante. E o primeiro beijo da noite dá aquele frio na barriga. Vem acompanhado de um sorriso maroto e envergonhado.
Encostar no corpo dele é tudo que vc esperou a semana inteira para acontecer.
Aquele abraço gostoso e sem compromisso. Sem cobranças.
As discussões sobre vinho, que você adora perder só para ver a fáscies de satisfação dele.
As cóscegas... É tão bom rir. E ele ficar te olhando um longo tempo só para depois dizer que seu sorriso é lindo.
A primeira vez que as mão dele descobrem seu sutiã. Quão perigoso...
A primeira vez que vc descobre que  a melhor coisa do mundo é sentir o calor do peito nu dele junto ao seu.
Aquela sensação estranha toda vez que vcs se reencontram. Seu coração dispara. Parece que vc vai vomitar. Fica zonza. E tudo volta ao normal depois que ele te abraça e vc sente o cheiro dele.
Tudo que vc quer dizer é que sente falta dele, mas tem que se controlar para não parecer louca.
Para não espantar.
Para não dar azar.
Para não perder o controle.



De repente a melhor parte do seu dia é quando se falam ao telefone. Mesmo que seja para ouvi-lo contar um monte de coisa que vc não entende sobre aquela pesquisa que ele está fazendo.
Esperando para ele tocar sua nova musica... Era bom ouvir.
E seu nome ganha outro padrão na voz dele.
Parece tão perfeita essa combinação.
A primeira vez que vocês dormem juntos: ou a primeira vez que vc tira ele da cama por ser tão ansiosa.
E então vai acordá-lo no outro cômodo da casa, no dia seguinte. É preciso ir, mas vc nao quer.
A luz da manhã é tão bonita.
E ele acaricia e beija seu ombro e tudo o que vc deseja é que aquele momento não acabe nunca mais.
E nada mais importa. Não há cobranças... Não existe amanhã...

E então, tudo muda. Nada é suficiente.
E ele não quer compromisso. Vocês não querem mais as mesmas coisas, apesar de vc continuar o querendo.

Quando você percebe está aqui, escrevendo sobre algo que deveria esquecer, tentando desfazer esse nó na garganta, esperando para que tudo comece outra vez...

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"É que na verdade só o amor dá cor pra vida, nunca canso de repetir. Depois da cor, o preto e branco e as escalas de cinza ficam tão... insuficientes. E tem gente que é tão tola, egoísta ou irresponsável ao pintar telas de amor no coração da gente, não é mesmo? Usam tinta têmpera e depois derramam um copo dágua por cima. É, viver também é sobreviver. O problema do amor é que, nele, é impossível correr riscos calculados. Se não tem entega, não é amor, não é pintura à óleo, é rascunho com têmpera. "

Enviado por João Adolfo Guerreiro em 24/11/2009 12:26

para o texto: Paixão não correspondida.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Bichinhos de goiaba



Dizem que as mulheres têm esse instinto natural para a maternidade.
Não duvido disso.
Eu mesma, já senti algumas vezes, quando estava com um bebê risonho nos braços, a necessidade de ter meu útero preenchido daquilo.
Existem tantos significados ser mãe.
Felizmente em outros momentos, que preenchem quase totalmente minha vida, tenho que ser racional e entender que há hora pra tudo na vida e é melhor planejar bem as coisas.
Então, houve momentos que eu quis ser pediatra. Poucos também.
A questão na verdade, não é essa.

Estava lendo essas reportagens na revista Carta Capital, sobre o mercado da pedofilia e sobre o bem que a diminuição da natalidade trouxe ao mundo.
Você sabia que a existe um mercado "pedófilo" que movimenta todo ano 5 BILHÕES de doláres?
Eu não sabia.
Foi um choque pra mim. É terrível, desagradável e indigerível saber disso.
Saber que nossas crianças estão expostas à isso. E isso ser tão valioso.
Você pode me achar ingênua. Continuo chocada.

Então, me lembrei de uma conversa que tive com um professor. Sobre ele só querer ter um filho. E alguns amigos, que preferem não colocar nem sequer uma pessoa no mundo.
E estava avaliando como o desenvolvimento do país muito tem haver com a diminuição da taxa de natalidade, não se sabendo quem gera quem...
Já há uma estimativa que a natalidade em 2020 será apenas a de reposição. Ou seja, cada casal terá no máximo, dois filhos. O que gerará uma grande mudança no cenário social do mundo. Em muitos aspectos.
Me impressionou tudo isso.
Mas também não é essa a questão.

A questão é, como não ter medo?
Como acreditar que aqueles seres pequeninos, desnutridos, anêmicos, descalços e sujos podem mudar a nossa realidade? Tão indefesos e já tão promiscuos...
Muitas vezes já corrompidos. É desagradável. Fere o nosso ego.
Fere meu sonho de ser mãe.

Existe tanto abandono.
E o mundo se desenvolvendo e as crianças diminuido. Ficando raras. Encarecendo esse mercado.
E nossas políticas (do Brasil) tão pobres. Tão corruptas.

Só me lembro de um estudo feito no ABC paulista, que li há alguns anos, sobre castração química nos presos por pedofilia, ajudando na pena. Não sei como anda.
Mas ao contrário de países europeus e outros desenvolvidos que discutem seriamente o problema, em busca de solução, nosso país, hoje focado nas eleições, não pensa muito à respeito.

Estar no curso de pediatria, me fez muitas coisas.
Ver crianças todos os dias, de todas as formas.
Me fez mais romantica, mais doce, mais pessimista e descrente, maleável e também mais resistente.
Principalmente me mostrou que muitas vezes temos que lutar só com o que temos.
Mesmo que seja um pedaço de pau e algumas pedras.
Ou um copo de água filtrada e quente.
Boa sorte aos pediatras e cuidado futuros papais.

domingo, 15 de novembro de 2009

Sobre Nudez



Interessante o que define a inteligência humana: A capacidade do ser humano de saber e pensar sobre sua existência e saber que vai morrer.
Inteligência...
O ser humano aprende a se indignar.
Estamos sempre aprendendo... e pensando...
Nós aprendemos com nossa cultura a proteger nossos ideais. E nossas formas corretas, incorretas e desconexas de pensar.
Criamos justiça, e culpa, e pena perpétua, e suicídio.
Criamos também o fim do mundo. A cada século. Todo ano - 2012. E toda sexta-feira treze.



Desiludimos o amor, somos modernos e depois voltamos a casar no castelo de chantily.
Somos egoísta e criamos o amor que liberta, a boa ação, a doação, os milagres, os santos. E Deus.
Ou o nosso Deus, que responde aos nossos chamados e ao qual culpamos pelo o que fazemos.
O mundo vai acabar porque Deus quis. E continuamos fazendo aquilo que decidimos que fará o planeta esquentar.
Não acreditamos no que aprendemos.
Nem pelo o que lutamos, apanhamos e fomos presos.
Lutamos por sexo, paz e rock´n roll. Pelo nosso sexo, à dois, heterossexual e careta.



Não liberamos a maconha. Mas há homens loucos e descontrolados matando seus semelhantes na ilusão, alusão das armas nucleares = barris de petróleo. Permitimos isso, mesmo sem concordar.
Tememos o terrorismo.

Somos reféns do nosso medo, ou preguiça, ignorância, inteligência.
Somos reféns no tráfego. Tráfico. E nas zonas. E na putaria.
Continuamos fazendo guerra, porque é necessário e digno. Seus Indignos!!
É contraditório. Mas nos matamos por um ideal.$$$$$. Seja ele qual for.
E por fim, ficamos nus por nossos ideais.
Arrancamos a roupa de ódio.



Também ficamos nus por dinheiro.




Há vestidos curtos. Mas há um governo corrupto.
Fazemos uma rebelião cheia de hipocrisia, pré-conceito, inveja, machismo e moralismo???, por causa de uma calcinha à mostra. Mas perdoamos aqueles que guardam dinheiro na cueca.



Escondemos nossas taras, mas não nossos preconceitos.
Medimos nossa inteligência pelo tanto de roupa que usamos.
Mas Fernanda também tirou a roupa.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Em coma


Era um corpo inerte
Olhos cerrados, apagados
Arreflexivos
Não havia medo em sua expressão
Mas não havia expressão alguma para se ver
Sua lápide mal programada deveria esperar
Seus bens logo seriam contados,
e repartidos
Mas seu coração ainda batia
Não havia vida ali, ou havia?
A máquina movimentava seus pulmões
Ele era apenas uma extensão
Uma oportudidade para o adeus
O fim de algo que parecia não acabar
Porque seu coração ainda batia
Sua história não estava mais em seus olhos
e nem ao menos havia rugas
Mas uma pequena tatuagem
para lembrar de seus antigos sentimentos
de suas alegrias
de seus medos
de suas transgressões
Era uma lembrança, que me contava um pouco
do que ele era
Apesar, de naquele momento não ser nada
além de uma simples extensão daquela máquina
Era apenas uma oportunidade para dizer Adeus...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A corrida: Parte 2

Já se passaram três semanas e continuo firme e forte no meu obejtivo: Cair desmaiada na grama do Curupira. rs
Bom, continuo correndo neste parque e pra falar a verdade estou indo muito bem. Muito mais do que eu imaginava. É como alguém disse: o mais difícil é o primeiro passo. O segundo também. Assim como o terceiro, o quarto... E então, começa a ficar fácil.

É interessante como depois acabamos gostando da coisa. Mas conforme vai ficando fácil, vai perdendo a graça... Pois é, é nessa hora que a gente inventa.

Não satisfeita com minha dificuldade de correr no plano, resolvi encarar o morro.
Olhei para a pista recem pintada, me chamando. Eu estava sozinha. Era domindo à tarde. Uma tarde agradável e fresca.
Ok. Vou tentar.
Decidi que iria seguir meu ritmo, assim que não aguentasse mais, iria parar!
Os duzento primeiros metros eram os piores. Mais inclinados. Mas eu tina que, pelo menos, tenta.
Comecei bem. Cheia de ânimo e boa vontade.
Cinquenta metros depois e já respirava ofegante. Pronto, já quis parar.


Foi quando ele apareceu. 1,87m. Cabelos pretos lisos, olhos castanhos claros. Sem camisa. E que corpo!!! Parecia uma miragem.
Tenho que admitir, é ridículo isso. Mas fiquei com vergonha de parar. Bem no começo do caminho. Ia ser humilhante demais.
Então, respirei fundo e continuei. Depois de alguns passos, o morenos passou. E o desespero também.
E eu percebi que estava correndo bem.
E corri mais duzentos metros. Claro, tive que respeitar meus limites e depois voltei a caminhar, vômitando os pulmões... Mas estava satisfeita.

Foi interesse perceber que meus limites são muito mais flexíveis do que eu pensei.
Ver que quando a gente coloca um pouco de fé e determinação, as coisas podem acontecer.
O resto do caminho era muito mais fácil. E eu voltei a correr...

É difícil manter o objeto. As vezes não dá pra acreditar que vamos conseguir.
É nessa hora que devemos insistir. Re-iniciar. Perceber que com um pouco de esforço, a partir do primeiro passo vamos longe...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Sobre Educação



Isso me faz lembrar do ginásio, ensino fundamental se você preferir. Aquela época boa da escola. Lembro que na minha antiga escola era marcada pela travessia de um portão.
Do lado de lá, está o primário. Aqui, somos gente grande, o ginasiado. Quando ganhávamos acesso àquela área tudo tomava uma cor diferente. Um significado diferente. Agora, nós vamos aprender sobre muitas coisas proibidas. Vão falar com a gente.
E de fato acontecia. Falavam sobre sexo, aborto, os dentes, AIDS... Tudo aprendi no ginásio. E aprendi muitas coisas mais... Sem essa malícia que pode ter passado por sua cabeça. Mas foram apenas lembranças que me pegaram agora. Boas lembranças. E sim, aprendi a amar também, no ginásio. Daquele jeito inocente e gostoso. Primeiro amor.
Tinha um professor, aliás, vários professores que costumavam dizer: “Educação, a gente traz de casa, não é o professor que ensina!” E essa frase era repetida várias vezes. Várias vezes ao dia. E às vezes ainda, era seguida de um sermão.
É difícil domar um bando de ginasiado, cheios de caraminhola na cabeça. Que pensam que vão finalmente ganhar o mundo e autonomia. Porque agora, não temos medo de falar. E já que nos falam tanto, queremos falar sobre isso também. E sobre o amor.
Dava trabalho domar aquelas mentes. Porque tinham tanto o que falar.
Lembro também, que eu tinha uma professora velhinha. Muito querida. Mas muito brava. Era um paradoxo, assim. E ela foi quem nos ensinou: “Sempre que alguém mais velho estiver falando, vocês devem parar para ouvir.”
E no fim, a gente recebia um pouco daquela educação também. Aquela que deveria vir de casa. Alguns, é claro, jamais aprenderiam.
E tinha uma hora do dia que ficava um silêncio inexplicável. Que nem o professor entendia. Parece que um tédio invadia a sala de aula. E os alunos, que antes eram diabinhos cheios de poder, se pareciam mais com anjinhos, esperando um motivo para o deixar de ser.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Cachoeira


Imagem: fotolog.terra.com.br/poesiaearte:221

Você já reparou numa cachoeira
Na beleza das águas, no plural?
No tom de cores que se
transformam e depois
se reorganizam no final?
Mas essa era diferente
Era menos aparente
Feita de artimanhas
Nada do que eu conhecia
Desafiava a ciência.
A igreja, o céu.
A água era sugada para cima.
E tudo parecia tranquilo
naquele pequeno caos.
Tudo à sua volta era normal.
Eu, não entendia bem do que se
tratava
Apenas admirava minha pequena
insignificância
Pois não sou nada além de uma
água em trajeto habitual.

domingo, 4 de outubro de 2009

Let it go!



Estava assistindo um episódio de House e percebi quanta coisa a gente pode aprender se prestar atenção. Geralmente passamos boa parte do nosso tempo apenas vendo.
Ver...

Ver não é suficiente. Porque perdemos nosso potencial. Nossa essência.
Quando você repara, percebe que perdeu um ponto importante. Um pequeno detalhe, que no fim faz toda a diferença.
Assistindo aquela série, apenas por diversão, percebi tantas coisas.

Que isso aqui, é apenas um estágio. E cometar um erro, não é degradante. É apenas um dos estágios do desenvolvimento. O problema é não tentar.
E mesmo que não tenha mais jeito. Você deve seguir em frente.
Mesmo que não tenha volta. Que não tenha perdão.
Devemos continuar.

Mesmo que a dor pareça maior do que sua necessidade de respirar.
Mesmo que você queira se enfiar debaixo d´agua, esperando que seus lábios fiquem cianóticos.
Mesmo assim, você deve seguir em frente.

Peça desculpas, mostre o quanto você gostaria de mudar aquilo.
E não espere por aprovação.
Apenas, continue sua jornada.

Mesmo que aquele romance não tenha dado certo. Mesmo você achando que ele era perfeito para você. Mesmo que você tenha odiado não conseguir dormir com ele. Mesmo que você seja neurótica. Mesmo que você tenha quebrado algo importante. Mesmo que não consiga dizer verdades para aquele pessoa que merece tanto. Mesmo que você seja culpado pelo erro alheio. Mesmo que seu ponto de vista estivesse errado. Mesmo se sentindo manipulado e idiota.
Sempre haverá como superar.

Caminhe por lugares diferentes.
Se não for possível conhecer outros países, tente fazer um caminho diferente para sua casa. Ou corra ao contrário no Curupira. Troque de emprego. Ou de apartamento. Ou mude as disposições dos seus móveis. Conheça novas pessoas. Adquira um novo hobby. Ou simplesmente, olhe tudo de uma forma diferente.

Mas siga em frente.
Você vai perceber que existem outros ângulos. Outras verdades. E coisas mais importantes do que se conformar com o sofrimento. Com o arrependimento.
Faz parte da vida errar, sofrer, mas também faz parte, superar.
Não tenha medo de ser feliz. Mesmo que tudo esteja ao contrário.
É só mais um estágio.

sábado, 19 de setembro de 2009

Sobre escolhas e erros

Para ver: As maiores trapaças de todos os tempos


Muita coisa tem acontecido. A normalidade de nossos dias.
A tecnologia. A globalização.
Muita coisa acontece. E todo mundo sabe de tudo. Ou o mínimo que dá tempo de saber.
O interessante disso tudo, dessas reviravoltas e descobertas e redescobertas e invenções, é que não se muda muito.
O relacionamento humano acaba o mesmo, ou muito parecido com o que sempre foi.
Desde a invenção do poder. Desde a intuição dos lideres. Sempre que o mais fraco perdeu.
Desde essa necessidade humana de regras. De definir o que é certo e errado.
Então as regras estão aí, e de vez em quando são modificadas, para acompanhar as mudanças. Mas não mudam muito, de fato.
E seguimos nossas vidas escolhendo entre o certo e o errado. Pelas regras humanas. Nós que definimos tudo isso.

Dizem que a primeira impressão é a que fica.
É possível apagar uma primeira impressão?
Difícil mesmo é mudar as escolhas.
Muitas vezes, aquele lado da moeda vai marcar sua vida para sempre.
E vão decidir por você o que é certo e errado, pelo o que você escolheu fazer. Ou nao fazer.

Pelas regras humanas. Que nós modelamos. E remodelamos.

E essas escolhas nos marcam. E ficamos conhecidos por elas para sempre.
Ou até outra escolha mudar tudo.
Como este piloto de fórmula 1 que tomou decisões aparentemente equivocadas.
Aceitou quebrar as regras. E se calou.
E depois decidiu que deveria contar a todos.
E claro, foi punido por sua coragem, ingenuidade, burrice, trapaça.
Mas ele não revelou que o achava errado, pelo contrário, o jamais teria feito.
Sua escolha, que antes parecia lhe resultar em lucro, de repente passou a ser insignificante.
Não houve boas escolhas.
E ele ficou marcado.
Mas não foi boa intenção. Foi egoísmo. Auto-preservação. Instinto animal?

Como aquele outro piloto, que era o segundo.
Era bom. Mas escolheu ser o segundo melhor.
E não ficou marcador como melhor.
Apenas como segundo.
Ele escolheu desacelerar para dar mais pontos a quem tinha chances. Fez pela equipe.
Mas era apenas, o segundo...

E a vida continua.
E nossas escolhas continuam...
Como dormir com um homem casado.
E parecer que você não fez nada de errado. Não pelas regras e talvez você não vá para o inferno. Talvez.
Mas suas escolhas não mudam. No momento que você poderia ter renunciado.
Continuou sendo a escolha errada.
Pelas regras humanas. Que fazemos. Escolhemos.

Uma cirurgia que não deu certo.
Palavras mal escolhidas.
Uma morte não vivida.
E essas escolhas nos marcam. Para sempre...

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Paciência

Não há o que não se possa superar
Mas existem escolhas,
brigas e infinidades de coisas
Há vida...
E num só tempo há ilusão
Um velho recado pregado na parede
Uma virtude: Paciência
Ninguém compra
E não é facil de obter
Seu toque
Não se resiste ao amor
Mas não há meios de brigar com ele
Apesar de haver coisas infinitas
Eu busquei um tesouro perdido
E me encontrei com piratas
e um navio perdido
Não há lugar aqui para o passado
Só para novas escolhas
Porque você não fica aqui?
Entre meus cabelos
Encosta seu queixo no meu ombro
e me pergunta por onde estive
Será que você volta?

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Uma cena pinturesca


Você já reparou que quando chove um estado de espírito diferente toma conta da gente também? Talvez seja só nos primeiros momentos. Talvez seja só comigo.
Não é bem melancolia. É uma sensação estranha, como se o céu chorasse.
Parece uma sensação de fragilidade. De impotência.

Mas depois, nos acostumamos. Nos acostumamos com tudo.

Com separações. Com ilusões. Com a morte. Com dinheiro. Com roupas estranhas. Com a falta de comida. Com longos beijos. Com cachaça. Com comida insossa. Com o frio. Com a praia. Com a internet. Com nove dedos. Com parentes. Mesmo com a sogra.
Só não sobrevivemos à tudo...

Outro dia, estava sentada num daqueles baquinhos de madeira, pintado de branco. Conversava com uma amiga, assuntos muitos banais. Ríamos sem motivo algum.
Depois por um momento, observei a chuva que começava.
Foi um daqueles momentos que o assunto acaba, que o fôlego acaba, que a graça acaba.

E eu fiquei olhando para a chuva que vinha fria, num dia estranho de sol.
Ela molhava o telhado e graciosamente vi como uma pomba se estreitava nos vãos das telhas e se esgueirava para fugir da chuva.
E logo sumiu na escuridão de seu abrigo.
E a chuva continuava, nos fazendo reféns... E ao mesmo tempo espectadores de sua magnitude.

domingo, 6 de setembro de 2009

Jejuando



Aos poucos vou me familiarizando com a falta de sono e comida. Sono, nem tanto.
Aos poucos parece que o barulho ao longe, se torna insignificante. Mesmo quando não há respeito, mesmo assim, você pode ignorar o ambiente, as pessoas, e a falta de educação. Enquanto discutem relacionamentos, na sala de estudos.
A chuva lá fora, que teima em começar e não se fixar, aos poucos, ela se torna parte de você. Do que você vê e do que você é. Na verdade, tem mais haver com o que você ouve.

Aos poucos, não faz diferença escrever.
Lá fora, do outro lado da janela, na rua molhada, os passos apressados, os freios um pouco à tempo, aos poucos, ela tem história para contar.
Aqui dentro, não muito frio e às vezes não muito quente. No feriado, sem muito movimento.

Tem esse policial estranho, que está sempre por aqui agora. Para vigiar o baleado.
Baleado, cuidado, vigiado, decorando o novo ambiente.
No leito, do lago, os peixinhos morrendo de fome. Não morrendo, mas jejuando.
A barriga, volta a roncar então. E não há comida. Não que seja falta de dinheiro, nem falta de tempo, nem falta de sono. É só falta de educação.

De respeito.

Sou a favor das regras e do bom senso. Para salvar vidas. Não para humilhar.
Continuo lendo, esqueci meu ticket. Esqueci meu prato.
E a meu lado, tem uma parede inerte, que não sofre por mim. À minhas costas, a chuva lá fora, e a pista molhada contando suas histórias.
Aqui, na minha frente, um grupo de mulheres gulosas, sobre realidades, encontros e desencontros, sobre cinema e festas e muito comida à mostra.
Não me oferecem, nem mesmo, o farelo do pão.

sábado, 5 de setembro de 2009

Finalmente, uma visita




Depois de ouvir alguém bater a porta, ela se levantou apressada e foi em direção ao banheiro enquanto dizia ao filho que acabara de acordar:
_ Rafael, atende à porta!
O menino percebeu que a mãe ia lavar o rosto. Olhou-a por um tempo, indeciso se precisa se preocupar com aquilo. Bateram de novo. Do banheiro, Estela gritou:
_ Rafael!
Ele, então pulou da cama e correu até a porta, abriu apressado e viu um casal muito simpático:
_ Oi, querido. – Disse a mulher, que usava um vestido vermelho com bolinhas pretas com um casaco preto e tinha os cabelos loiros cacheados.
Ele disse oi, timidamente e se afastou para que os dois entrassem. Ela continuou:
_ Cadê sua mãe?
Estela entrou na pequena sala:
_ Que bom ver vocês. Já estava com saudades!
Ela os abraçou e então apontou para os sofás para que se sentassem. Seus móveis eram muito bonitos e modernos. Em tons de púrpura, tabaco e branco, muito bem arranjados, o que dava um ar agradável ao ambiente.
Todos se sentaram. Automaticamente o assento se ajustava ao biótipo, e tornava-se mais confortável. Estela perguntou:
_ Então, Bianca, o que vocês fazem aqui?
Bianca, sorriu, não sabia se já podia tocar naquele assunto, olhou para Rafael amavelmente:
_ Viemos te visitar. Eu e o Caio, estamos tão sozinhos.
Caio olhou para a mulher, percebendo que alguma coisa estava errado nela. Era um homem muito bonito e uns dos mais inteligentes do banco onde trabalhava. Tinha quase sempre um olhar de superioridade, mas no fundo era uma pessoa humilde, simples e tranqüila. Então falou:
_ Precisávamos de férias. Como estão as coisas por aqui? Quando o Marcelo volta?
_ Está tudo bem. Na medida do possível. Às vezes nem parece que estamos envolvidos numa guerra.
Caio abaixou os olhos. Amargava a situação que sua nação se encontrava.
Logo Rafael estava envolvido numa brincadeira com um aviãozinho de brinquedo, enquanto os adultos conversavam distraídos sobre assuntos banais, remoendo discretamente seus sentimentos de culpa, ódio e saudade.
Rafael passeava pela sala, envolvia-se entre eles e ouvia algumas poucas palavras, às vezes ficava curioso e prestava um pouco mais de atenção, mas logo se entediava e voltava à sua diversão.
Distante, ele ouviu umas vozes de meninos brincando. Entusiasmado pulou na frente da mãe:
_ Mãe, posso ir brincar com o Pedro, lá fora?
_ Não, Rafael. Não gosto que você fique brincando na rua.
O menino pestanejou, e quase estava aos prantos quando Caio interviu:
_ Tudo bem Estela, eu fico um pouco com ele.
Caio pressentia que as irmãs precisavam conversar. E precisavam ficar a sós. Ele mesmo não queria mais aquelas conversas banais. Se levantou, deixando o menino em êxtase de felicidade. Os dois foram para rua.
Bianca se sentou do lado da irmã. Estela mantinha o olhar para o chão. Não gostava de deixar o filho na rua, Marcelo odiava aquilo.
Bianca acarinhou os cabelos da irmã, e falou:
_ Sinto saudades de você. Porque você não volta para casa? Pelo menos enquanto o Marcelo estiver fora.
_ Não posso Bianca. – O olhar de Estela se mantinha baixo. – Tenho que cuidar da minha casa.
_ Tem previsão para o Marcelo voltar?
Houve um tempo de pausa. Estela então, olhando para a irmã falou:
_ Você pode acreditar que estamos passando por isso? Justamente nós? Nós que estivemos à frente dessa briga? Que éramos contra tudo isso.
_ Política não é fácil.
_ Isso não se trata de política. Não se trata de nada. Se trata de pessoas ignorantes, injustas, que sempre detêm o poder. Pessoas que não sabem o que fazer.
Bianca se mantinha calada, parecia que a irmã precisava desabafar.
Estela continuou:
_ Eu só queria que as coisas voltassem a ser como antes. Queria parar nos momentos de nossas vidas, quando éramos felizes. Acordar todos os dias naquela banalidade. Quando eu podia só me importar com o desenvolvimento do Rafael. Se ele estava crescendo bem, se cairiam os dentes, se estava machucado ou aprendendo a ler.
_ Estela.
_ Queria que a injustiça fosse simples. Que todos soubessem e entendessem o que é errado.
_ Não somos nós quem decide isso.
_ Eu sei. Mas deveríamos.
Houve mais um momento de silêncio.
Bianca então falou:
_ Haverá desses momentos em nossas vidas, sempre. Quando você vai querer que tudo se acabe logo. Tudo isso tem uma razão de ser.
_ Como você pode ter tanta certeza disso? – Estela encarava a irmã com expressão de socorro. – Como pode se manter tão serena?
_ Da mesma forma que você consegue. Não estamos aqui para pular etapas. Estamos aqui para aprender. Para mudar. Para nos moldar. Para nos resignar.
_ Não acredito mais em nada disso. Só vejo injustiças.
_ Então pare de ver. Sinta. As coisas vão melhorar. E mesmo que não aconteça, você precisa viver e se conformar, Estela. As coisas são, como elas deveriam ser. Independe de crenças e medos. Independente dos seus desejos, Estela. Lamentar não vai trazer de volta o que era bom. E se trouxesse, o que era ruim também voltaria. Os momentos não estão aí para ser escolhidos, mas para serem vividos.
_ Qual a definição de viver?

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O que sou


Foto: Rina H em photo.net/photodb/photo?photo_id=3970274&size=lg
Sou essa menina com a rosa
Sou essa pessoa estranha apaixonada
Essa que carrega no ventre a necessidade da arte
Do amor, e do deslumbramento
Sou essa pessoa que caminha na normalidade
Que não quer paz, ou sossego
Sou essa mulher discutível
Sem medos de padrões sociais
Sem necessidade de atenção
Carente de compreensão, apenas
Sou essa que chora e não se entende
Como todas as mulheres que tem por aí
mas sou, sobretudo
Essa menina com a rosa.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Um dia de chuva


Foto: Arthur Leipzig


Terminou a visita da tarde... Uma hora discutindo vários casos, vários assuntos médicos. E eu estava sozinha.
Refleti sobre esse estado de inteira contemplação da solidão. Todos estavam em seus respectivos afazeres. Eu apenas assisti tudo acontecer por aquele breve minuto, tentando me localizar no espaço. Tentando saber o que seria de mim naqueles momentos.
Enquanto o professor foi embora e os enfermeiros faziam coisas que independiam da minha existência, lembrei que não poderia ir embora. Mas não havia o que fazer ali por enquanto.
Não tive medo de ficar sozinha. Mas, me deu angústia a indecisão.
Caminhei então, para algum lugar no momento indefinido, tentando encontrar a resposta imediata.
Busquei auxílio em meio as dúvidas. Em meio ao estranho. Em meio a minha desordem espiritual. Precisava daquele momento também.
Estava frio. Algo inesperado para nossas condições de tempo...
Mais uma surpresa para aquele momento.
Ainda estava descabelada. Cheguei à porta do hospital, caminhei lentamente, típico do andar do devaneio, da dúvida, do desencontro. Logo uma chuva chata e preguiçosa me anunciou que o céu chorava.
Olhei para cima, estava tudo melancólico. Refletindo cada pedaço da minha impressão. Continuava ali, à beira da rua, esperando o sinal mudar de cor. Vendo os pára-brisas trabalharem incensantemente. Como os corações.
Como aqueles corações, que mesmo doentes, se esforçavam, se compensavam, trabalhavam dobrado. Só porque é necessário.
Atravessei a rua e uma bicicleta passou por mim, quase me atropelando. Ela não estava sozinha. O homem que a guiava, apressado, não me pediu desculpas. Apenas seguiu seu trajeto, crente que tudo aquilo era necessário.
Correr, muitas vezes é necessário. Mas o mais importante, é manter a calma para tomar decisões importantes.
Foram mais ou menos essas as palavras de uma residente da cirurgia geral, nos alertando quanto aos pacientes que chegavam grave. "Não precisa se alarmar, não adianta. O importante é manter a calma e fazer o ATLS." Ela se referia a um algorítmo que a gente aprende para lidar com essas situações.
No momento pensei em quanta verdade e maturidade haviam naquelas palvras. Ela muito jovem. Como eu. E com decisões sempre tão difíceis à mão.
Sentei naquela lanchonete. Pedi uma vitamina. Resisti à tantas tentações realmentes perigosas à saúde.
Abri um livro. E de soslaio olhei para a rua.
A chuva triste continuava.
O tempo continuava zombando do meu estado de espírito.
Os carros continuavam vindo. As ambulâncias chegando. E eu perdida em pensamentos confusos...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

No dia de hoje...



Hoje estou naqueles dias que gostaria de dizer.
Quando você procura aquela pessoa pra conversar... Quando o orgulho não vale mais a pena. Quando você acha que um milagre fará tudo ficar bem.
Quando você evita a verdade.
Hoje, eu gostaria que as coisas fossem totalmente diferente. Que valesse mais o que eu penso, do que o que você pensa.

É como estive pensando, as pessoas se identificam, eu me identifco com as pessoas, e somos mais parecidos do que pensamos... Do que gostaríamos.
Porque queremos ser únicos e cometemos os mesmos erros de sempre.

O que me fez pensar naquela frase: "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma."



Não podemos nos separar da natureza. Não somos exclusos dela. Somos mais um pedaço.
É como entendemos o que é vivo.
Não faz sentido separar o que há de selvagem em nós. Somos isso também. Mas somos a natureza e mais um pouco.
Considerando tudo isso, somos pequenos pedaços mutantes. Somos partes de nós em transformação. Somos todos juntos. E um só ao mesmo tempo.
Não adianta independência. Não adianta ódio. Não adianta preconceito.
É como rejeitar o vital em nós. Somos feitos das mesmas moléculas. E não estou citando a bíblia.

E além, mais pra lá do horizonte, eu queria também estar errada hoje.
Queria que tudo fosse feito de palavras e menos tempo.
Queria que os sentimentos fossem menos dependentes de dor.
Queria aprender sem errar. Queria que, às vezes, fosse fácil dizer adeus... E que fosse menos necessário também.

sábado, 15 de agosto de 2009

Viagem espiritual


Uma hora a gente "pira", perde a cabeça, "dá a louca" e resolve que sumir do mapa é o melhor calmante...
Foi o que me deu essa semana. Fui embora. Férias forçadas, mas merecidas...
Descanso emocional e físico. Descansei até da dieta. E esse foi um descanso forçado... Nossa família nos obriga a comer.
Além de liberar o estresse foi ótimo rever todos. Ou quase todos, nunca consigo me programar e ver todo mundo... O que é uma pena, mas por outro lado é bom, pois sempre haverá um motivo para voltar logo. O melhor de tudo é ter um lugar pra ir.
Muitas vezes me senti sem casa para pertencer, sem lar, sem ter para onde voltar. E eu sinto falta disso.
Gosto de ser livre. E gosto de ter para onde voltar. Ou gostava, pelo menos, quando as circunstâncias eram outras.
Agora, vejo de outra forma. Tenho vários lares.
Os mais variados motivos, que vão além das lembranças...
Tem o lar da família de sangue, que também são muitos. E como é bom revê-los. Apesar de estranho às vezes... Seus núcleos conflituosos, como sempre... É bom estar entre os meus...
Tem o lar da segunda família. Amigos. Eternos amigos. Onde paira um ar de "doce lar". Um lado espiritual aflora em mim, quando estou lá. Onde sempre sinto que sou bem-vinda.
Tem o lar da amizade colorida. Que sempre traz fortes emoções...
Tem o lar da amizade. Onde eu percebi minha maior mudança. Mas o melhor, quando eu percebi que o que é importante prevalece, apesar da diferença, apesar da distância, apesar dos anos. A amizade verdadeira, sempre estará lá. Sempre.
Foi uma aventura afinal. Me rever em todas essas pessoas. É como nunca querer partir, mas sempre querer voltar. Minha necessidade de deixar também aflora.
No fim das contas, descobri muitas coisas sobre mim. Sobre o que eu penso.
Nas noites em que dormi cedo, tive mais tempo para pensar. E finalmente dormir. Muito.
Quero sempre ter para onde fugir. Pelo menos uma vez ano.

domingo, 9 de agosto de 2009

Da necessidade de estar aqui...



Te olhar, só por alguns segundos durante o dia
Por isso estou aqui
Te ouvir rir,
Te ver dançar,
Te sentir excitar, é por isso
Pra você me envolver
Reencontar suas curvas
Sentir seu suspiro em meu pescoço
Morder seu braço
Estou aqui para te ter de novo
Para ouvir sua voz
Para te ouvir tocar de novo, só pra mim
Estou aqui, perdida em lembranças
Porque queria que você estivesse aqui

sábado, 8 de agosto de 2009

Um começo: A corrida


Já faz um tempo que tomei esse gosto por corrida. Veio agora, porque não é mais por obrigação. Na época que eu treinava volei, era um verdadeiro martírio. Cinco minutos correndo, de frente, de costas, de lado, do outro lado... A gente tentava enganar a treinadora de todo jeito. No fim das contas não tinha jeito. Corríamos fingindo que não estávamos correndo...

Hoje, que não tenho mais obrigações com atividade física começou a fazer falta e confesso que não tenho paciência suficiente para só caminhar. Acho que é um pouco por causa dessa minha alma ansiosa, querendo sempre apressar as coisas... Então correr passou a ser um hábito bom.

Eu já estava com um bom ritmo, então, veio as provas e depois o estágio de clínica. Foram mais quatro meses de sedentarismo. Sempre me consolando, porque estava difícil conciliar estudos e todo o resto... Nunca é verdade. Inventamos tantas desculpas para tudo.
Bom, então veio um estágio mais calmo, sem plantões e com horários livres. Era minha chance de retornar.
Eu achava que ia voltar com tudo. Achava que seria praticamente uma campeã de maratona... Ledo engano...

Arranjei uns exercícios de uma revista sobre o tema. Bom, para mim pareciam simples e fáceis demais. Mas queria encarar a corrida com mais, como posso dizer, profissionalismo, ou talvez seja, mais seriedade.
No primeiro dia, era assim: Trote por um minuto e andar 2 minutos. Oito repetições.
Parecia fácil demais.
Comecei bem. Passava pelas pessoas me sentindo máxima, cheia de fôlego e força.
"Como é bom se mexer." Eu pensava, felizinha com meu MP3 e uma boa seleção musical. Via como tranquilamente a natureza se deixava ser bonita, banhada pela luz da manhã. Eram seis e meia da manhã.

Estava ereta, respirava bem e deixava a adrelanina transbordar por meus vasos sanguíneos.
Primeira série de caminhada. Estava satisfeita por ser tão inteligente. A música estava boa.
Então, começou a segunda série. Tudo bem.
E comecei a terceira séria. Veio um pouco de cansaço. Já era esperado também. Talvez não tão cedo. Mas não poderia me impedir de cansar.
Uma dorzinha na panturrilha, mas tudo bem. era só meu primeiro dia.

E comecei a quarta série. Um pouco ofegante.
Quinta série: dispneica. Tudo já doia. As pessoas pareciam chatas por correrem e caminharem sem dificuldade.
Primeiro pensamento: "O que eu estava pensando?!"
Quando o minuto de trote terminou, dei graças à Deus por poder caminhar.
E o que mais parecia atraente na paisagem eram os bancos.
Os segundos passavam, e eu já parecia restaurada para a próxima série de trotes. Já respirava um pouco melhor de novo. Recuperei forças do além e reinicie os trotes.
Sexta série: "Por que eu não fiquei em casa?"
Trinta segundos depois: "Que merda de idéia!"
Mais dez segundos: "Essa porra de tempo não passa?"
Minha respiração já superava a música.
Finalmente podia andar de novo. E que alívio! Dois minutos de descanso! Pensei em parar. Olhava para os bancos desejosa. E aquela grama verdinha! ideal para deitar...

Sétima serie de trote: Meu corpo implorava para não começa-la. Mas eu estava decidida, iria até o fim! MESMO.
Dez segundos: "Não vou ter mais músculos depois disso!"
Mais vinte segundos: "Me odeio, me odeio, me odeio, me odeio."
Acho que nessa altura já tinha uma expressão de assassina. Havia superado o estado de cansaço máximo.
Terminei alguns segundos antes de completar um minuto... Definitivamente o tempo não passava.
Caminhava quase parando... Estava devagar demais. Um velhinho muito simpático, passava por mim sem grandes dificuldades. Eu o odiei também.
Tentei apertar o passo de novo. "Última série! Última!"



Final: Comecei a trotar, se é que posso chamar aquilo de trote, acho que estava mais para uma dança estranha, lenta e não sincronizada. A música já era estúpida e lenta demais, parecia que eu ia chorar à qualquer momento. Mudei, com certa dificuldade, para uma mais agitadinha.
"Droga de relógio! Que idéia idiota! Estou velha demais! Pulmão estúpido!"
Acabou. Dei mais alguns passos cambaleantes e me sentei no banco mais próximo.
Voltei para casa ansiosa pelos próximos exercícios do caderno de questões...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Post nem tão perfeito do mês...


Estava aqui pensando uma coisa...
Pensando em como às vezes sou muito perfeccionista. Na verdade, acho que não é isso.



Não sou perfeccionista, nem chego perto disso. Mas às vezes me preocupo demais com certos detalhes. Apenas algumas vezes deixo de curtir certos momentos por achar que não é o suficente.
Ou aquele cara não é tão inteligente, ou é aquela blusa é barata demais pra ser boa, ou é clichê demais para ser um bom final...

Algumas vezes os detalhes me atrapalham.

Eu queria ser sempre aquela pessoa que sabe dizer as coisas certas na hora certa.
Se é que essa pessoa existe, tenho certeza que ela também não está satisfeita.



Foi no que estive pensando, numa mudança...
Então agora, eu me deixo.
Me permito.
Vou quebrar barreiras...



E daí que eu disse algo estúpido e ninguém entendeu. Tenho o direito de ser estranha e não compreendida.
O importante é ser real, independete e ser sincera.
E daí que não fui tão inteligente daquela vez, pelo menos tentei.
E existem tantos momentos que perdi por ser assim...

Talvez exista a pessoa certa, perfeita pra você. Talvez não.
Acho que no fim, simplesmente cansamos de expectativas e enxergamos o que realmente é importante.
Não é se conformar com qualquer um. É parar de criar obstucálos para viver. Viver cada momento plenamente e depois decidir. Sabendo.
Porque é necessário saber...
Conhecer... conviver... Errar...
Assim como é necessário ouvir, falar e sorrir. E chorar. E também é necessário escrever.
Por isso, agora eu me dou o direito.
Tenho direito de não ser tão inteligente assim e não me importar com a opnião alheia.
Tenho o direito de me achar boa e não estar nem aí se as pessoas vão me achar convencida.
Tenho o direito de ser poéticamente estranha e apaixonada...

Não estou falando de não modular defeitos.
Estou falando de aprender...
Porque sempre é necessário continuar aprendendo.
Só que quem não se permite, não aprende...

São os detalhes... Eles também podem ser bons...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Da vontade de ter alguém



De repente agora me lembrei desse texto de Vinícius... Da pessoa amada. E de como é bom.
É bom ter o olhar sobre você.
É bom ter a quem sempre recorrer.
Não quem te bajula. Mas que entende, independente de não entender...
No fim, nós somos únicos, mas não queremos ser sozinhos...

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Post auto-ajuda do mês...



Às vezes você tem que parar e ser sincero com você.
1 - Sim, essa porr* de teclado não está pegando direito e está me irritando!!
Bom, isso é o de menos agora.

Mas você tem que encarar os fatos. Tem que voltar a se olhar no espelho, lembra? e admitir.
2 - É, eu engordei. E não foram quilos do além. Nem é só a TPM. Sim, foi toda aquela comida!

Olhe-se de perto:
3 - EU NÃO vou conseguir fazer tudo isso. Até porque, hoje, hoje é um dia importante para minha critividade.
4 - NÃO, eu não vou conseguir ler os três livros até o final do ano. Por mais que eu queira, e acredite que é necessário.

Entao olhe mais profudamente:
5 - É, vou ter que conviver com aquela pessoa que não gosto. Por muito tempo...
6 - Então, ELE NÃO ligou.

Escute sua consciência.

7 - Pois é, meus poemas não são tão bons.
8 - E eu não cumpro minhas tarefas no prazo.
9 - É, vou decepcionar muitas pessoas que acreditam em mim.


Bom, você deve estar pensando para quê tanta amargura?
Porque precisamos mudar. Precisamos do nosso incentivo íntimo.
Se não,
1 - Vou fincar os dedos no teclado até machucar.
2 - Não vou cumprir aquele regime com afinco e obter resultado.
3 - Não vou admitir que amanhã é mais um dia, mais uma oportunidade para recomeçar e não vou dormir, o que é tão necessário.
4 - Não vou entender que cada livro tem 4.000 páginas e não vou resumir o necessário.
5 - Não vou ser amigável com alguém que depois possa vir a ser meu amigo. Eu posso estar errada.
6 - Não vou entender que ele não me quer e então, não vou conhecer outra pessoa realmente especial com o telefone disponível.
7 - Não vou entender que graças à Deus, meus poemas não serão meu ganha pão. E deixar de me importar.
8 - Não vou parar de assumir compromissos.
9 - Não vou deixar de me importar com a opnião alheia.

Se tem alguma coisa errada, é necessário fazer. Não se afundar.
Eu me olho no espelho. Me questiono.
E tento encarar os fatos. E realmente não é tão fácil.
Mas não adianta se depreciar.
É melhor buscar um motivo para mudar.
A única pessoa que pode fazer isso, é você.
Não busque o estímulo de fora, ele pode não ser duradouro, mas sua força de vontade é o que há!!
Então comece com aquele espelho verdadeiro.



E Perca suas inibições...#lingerieday... rs

terça-feira, 28 de julho de 2009

Feminismo



Minha singela opnião.
Eu acredito no seguinto: homem é diferente de mulher
Simples de entender, basta olhar para seu namorado pelado, e sim, ele é igual aos do grupo dele.
Assim como nós mulheres e nosso corpo lindo nu.
Somos diferentes. E se você não cocncorda comiga, eu te pergunto quando foi a última TPM do seu irmão? O que se pai está achando da menopausa? E o que sua mãe sentiu ao tomar viagra?
Não ache que fisiologia não é importante. Tudo isso influencia em nosso comportamento e na sociedade.
O feminismo deve ser ultrapassado.
Porque ele cumpriu o papel dele. Foi necessário e graças a ele posso escrever isso, ao invés de só me fazer útil ao casamento.
Sim, os homens se dão bem em muitos empregos, mais do que as mulheres. Sim, tem questões de biologia, fisiologia e antropologia aí. Existe o porquê.
Existem sim, claro, mulheres que têm caracteristicas mais masculinas e vice-versa, mas são a exceção. E sim é injusto mesmos empregos pagarem salários diferentes.
Mas o que a sociedade precisa é entender uma coisa:
Diferença não é igual a melhor e pior. Significa, não iguais.
Precisamos respeitar as diferenças.
É o perfil da sociedade que deve ser mudado?
Mas aí, precisamos de um movimento novo.
Consciente de que as mulheres carregam o bebê nove meses, têm mudança hormonal e TPM. Sim, isso influencia no nosso emprego. Você não quer ter filho? Repito, exceção. Não estou julgando seus direitos. Apenas olhe para a realidade.
Tenho oito amigas próximas. Uma não quer ter filho. 2 mal podem esperar a faculdade. Uma quer ter quatro. Outra tem certeza que quer filhos um dia e assim vai.
Homem quer casar e ter filhos? Quem se importa?
Mulher deve esse tipo de satisfação. Já falei alguns motivos.
Hoje o que nós temos é uma mescla de várias situações possíveis. De várias coisas diferentes.
Não precisamos de sociedade igualitárias. Precisamos de sociedade que respeitem a diferença.

Bom, é o que eu penso...

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Coisas que você acredita



Você acha que sabe muita coisa sobre você. Seus desejos. Suas metas. E um dia você sente falta de uma coisa tão simples. Tão ridiculamente simples, que você mal pode acreditar, então segue sua vida achando que nada é suficiente para te fazer feliz. E ao mesmo tempo você sabe, que falta uma coisa tão simples, que você não pode acreditar.

Um abismo sem fim, uma escuridão amarga, uma dor incomparável. E você se sente especial, porque você acha que isso só acontece com você. Então você anda pelas ruas achando que tem um dom especial. Achando que pode fazer alguma realmente complicada. Achando que o amor está naqueles contos de fadas, cheios de emboscadas e fantasias, e bruxas, e magos, e dragões e príncipes.

Você continua achando que algo está faltando.

E quando ele aparece, você tem medo. Porque não pode ser tão simples assim. Não o amor.
E se é complicado demais, dói. E a espera dói. Porque não depende da sua vontade. Não depende dos seus horários. Ou do que você acredita que é certo e honrado.
E você julga. Porque não te assusta apontar os erros do outro.

E você se esconde atrás de um monte de comentários certos e previstos, revisados, para não parecer idiota. E nada espontâneo realmente acontece. Porque você tem medo de amar. Amar e sofrer.

E então, você se irrita, porque mesmo se protegendo de todas essas questões você sofre olhando para o telefone. Não vale à pena, você conclui. Ele é complicado demais.
E então, você segue sua vida. Sem mais sofrimentos. Sem amor.
Apenas você em um abismo sem fim, sem segurança. Apenas amargo. Esperando que alguém te pegue pelo braço e lhe diga o que você já sabe.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Necessária Solidão...




Às vezes necessito ficar assim,
só comigo.
Ficar um tempo assim,
necessitando que alguém me busque,
mas rejeitando todo tipo de ajuda.
Querendo chorar, aparentemente sem motivo.
Não é só saudade.
Não é só desespero.
Definitivamente não é medo.

Não é carência.
É angústia.
Os ruídos, todos devem ser ignorados.
Dói ouvir.
Quero me trancar numa caixa e mandar pelo correio.

Não é insatisfação.
Não é futilidade.
É mais que indignação.
Mais que remorso.
Não quero morrer.
Não é aflição.
Não é você.

É minha necessidade estranha de me ter.
Não sei onde me buscar.
Não é aqui.
É além do horizonte.
Além do desconhecido.
Além das mentiras, além do vazio.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Um poema



Depois de todo aquele momento de medo e angústia, ela apenas o observava dormir. Já era quase dia. Não que ficasse muito claro lá fora, mas parte da escuridão já tinha ido embora. E em alguns minutos tería água de novo.
Ele tinha aquele sono gostoso e parecia que sonhava com o paraíso. Já fazia muito tempo que não pensava nisso. Não havia muito o que fazer por ali, mas mesmo o nada já começava a tomar conta de seus pensamentos.

Abriu a janela e resolveu escrever alguma coisa. Sentou-se em frente ao velho computador e digitou algumas linhas, era um poema bobo. Apagou de novo e olhou para a página em branco, esperando alguma inspiração. "Ainda perde tempo com isso?!" Pensou no que o marido diria se estivesse ali. E sentiu a falta dele.

"Amor, meu amor
Estou aqui há tanto tempo te esperando
Sonhando ansiosamente com nosso reencontro
Tento não pensar que perigos ainda vais enfrentar
Não sonhar tem sido difícil pra mim.
Meu amor,
Nossa vida, que era tão sólida
Destinada à felicidade constante..."

Escreveu mais essas linhas e parou ali. Não acreditava em nada daquilo. Mas ainda sentia falta dele.

"Meu bem,
Sua cura desse mundo cruel
está em mim,
Está aqui, junto ao meu peito
No nosso aconchego
Daquele jeito gostoso que você me embrigada
Com seus beijos doces.
Ainda está em meus olhos sua direção
Seu conforto, no meu colo
Suas angústias guardadas em minha lembrança
Então, quando você voltar
Vou te curar de toda essa tortura
Da sua cegueira que te levou para tão longe."

Parecia, enfim, algo real. Era aquela dor que ela queria descrever. E algumas lágrimas rolaram por sua face. No fundo, culpava o marido por tudo. O menino acordou e a observou por um momento e então preocupado perguntou:
_ Mãe, porque está triste?
Ela rapidamente secou os olhos e se virou para o filho:
_ Não é nada. Apenas saudades do seu pai.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Dia dos namorados à caminho...


Assunto mais que óbvio. É que também queria falar disso. Vi uma reportagem numa revista que me deixou um pouco irritada.
Sim, o dia dos namorados está chegando; sim, eu estou solteira; sim, eu gostaria de estar com alguém. Mas eu não sofro por isso. De forma alguma. Quero estar com alguém não por causa de um dia. Mas porque eu sinto falta de "cafuné" como diria um amigo meu.

A matéria da revista: "centenas de mandigas pra trazer o namorado dos seus sonhos! corra ainda dá tempo de ter um até o dia 12!"

Como assim??!!

É mais fácil alugar um "acompanhante" para não passar o tal dia sozinha, se o desespero é tão grande. Até porque o namorado perfeito não existe. Ele está lá nos filmes e grandes romances. Sempre compreensivo, sempre carinhoso, e sempre sabe perdoar. E como tem um sorriso lindo!! Mas não existe. Todos temos defeitos e o grande ato é saber se vamos suportá-los para o resto da vida.

Não sou exatamente o modelo de auto-estima forte e inabalável, também tenho medo de ficar sozinha o resto da vida, também tenho medo de nunca saber o que é estar apaixonada perdidamente por alguém, também tenho medo de ficar velha demais para casar, sempre tenho medo. E também sou ansiosa. Também meto os pés pelas mãos. Mas eu sei o que é ilusão.

Ilusão é achar que ter alguém para preencher um dia é o suficente. Não é.
Não dá pra estar com alguém só pra preencher seu ego. Só para não ficar sozinha. Não dá pra não arriscar, só por medo.

Minha vida amorasa não é lá o exemplo mais bem sucedido. Mas não me arrependo. E o mais importante é que eu descobi que foi muito bom ter conhecido todas aquelas pessoas, ter sofrido e feito sofrer. E graças à Deus, não estamos mais juntos. Porque hoje eu sou melhor e aprendi muita coisa para quando for pra sempre...
E vou esperar para conhecer o cara certo. Como eu vou saber? Principalmente porque vou estar com ele porque é bom, porque ele vai me fazer sorrir, porque vamos conversar até o amanhecer e não vamos nos importar com o dia da semana ou do mês. Não vai fazer diferença se será dia dos namorados...
Ok, I want a real Mark Darcy...

domingo, 17 de maio de 2009

Velha é a vovozinha!!!




Antes de atendermos os pacientes temos esse costume de ler o prontuário do paciente, para saber da sua história, e entender um pouco dele, tornando a consulta mais fluída.
Pegamos essas folhas e lemos sobre tratamentos antigos, cirurgias, uma longa vida, e logo na minha cabeça se formou a imagem de uma velhinha entrando no consultório.
Quando chamamos pela paciente, que surpresa a nossa. Era de fato uma senhora, mas não parecia tão velha quanto imaginei, nem perto disso. Então, para constatar que a pasta estava correta conferi o nome e perguntei sobre sua idade, ao que ela respondeu:
_ Vou fazer 83 anos no fim do ano.
Ficamos boquiabertas. Ela tinha uma energia, uma juventude, contou-nos muitas coisas sobre sua vida, como era amada e como cuidava das pessoas à sua volta. Que ainda viaja pelo menos uma vez por ano. Que estava sempre se exercitanto. E que seu marido ainda era muito ciumento e que caminhavam sempre de mãos-dadas.
Contou que só teve um filho e o vizinho rico vinha sempre a visitar para comer, ou mesmo só para o café. Que a prefeita da cidade sempre estava lhe pedindo dicas de beleza.
Contou que era feliz.
E quando dissemos que todos os exames estavam normais, que não havia com o que se preocupar ainda por muitos anos, ela se emociou e nos abraçou.
Ansiosa, em pé, quase não esperando nós terminarmos de preencher os papéis ela queria ir embora contar ao marido que estava tudo bem.
E foi embora agradecida por tudo.
Em mim ficou uma sensação muito boa. Um desejo de uma velhice calma, cuidando de jardins e contando histórias para netos e bisnetos...
Agora sei que é possível, mas qual será o segredo?

sábado, 16 de maio de 2009

Minha meia é vermelha....




Eu gosto de moda. E não me importo com os preconcetios que vão formar na sua cabeça à meu respeito por isso. Esse é um detalhe importante, não se importar. Porque a vida só acontece pra quem não se importa com esses detalhes pequenos.
Estava lendo um blog que decobri a pouco tempo e que tenho gostado muito, e nele Lily Zemuner contou sem muito pesar de uma passagem em sua vida que me fez lembrar da minha adolêscencia e de como nossa sociedade hipócrita continua punindo as pessoas "diferentes". Continua querendo o correto, o igual e o padrão. E as pessoas comuns continuam se horrizando.


Não tive a oportunidade de comentar, mas houve um episódio na história da propaganda americana, no fim do ano passado, em que uma blogueira,tapada, viu uma mulher numa propaganda na internet, sobre café, foto acima, com uma esharpe que para ela lembrava a cultura islâmica, ela exigiu que cancelassem a propaganda porque a echarpe era "adorno costumeiro de terroristas muçulmanos que aparecem em vídeos decapitando pessoas e fazendo reféns". ( Eu sou louca???). Alguém precisa dizer para aquele povo: LET IT GO!!!

O pior, é que os donos da propaganda se desculparam e a retiraram do site. A diferença foi escurraçada, por algo que nem existia. Absurdo. Não há respeito entre as culturas! Nem comunicação. Ninguém quer ceder.


Sabe, eu poderia dizer como é difícil ser diferente, como riem das nossas meias vermelhas (eu já usei muitas),como apotam nossas roupas desconcertadas, nosss idéias inovadoras são rejeitadas, e às vezes somos escondidos por nossos amigos super defensores. Poderia... Mas não vou...


Vou dizer que os normais são quem perdem. Porque não se escrevem livros sobre pessoas normais,e se fazem, essas deixam de ser. Não se fazem filmes sobre pessoas normais, esolhem pessoas corajosas, que escalam montanhas, que são loucas, que viajam, que pulam, que amam, que esperam, que cantam, que desagradam, que fazem e que usam meias vermelhas. Nós fazemos história.
I wanna be Susan Boyle... rs



Reportagem BBC: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/05/080530_propagandapolemicafn.shtml