quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O que sou


Foto: Rina H em photo.net/photodb/photo?photo_id=3970274&size=lg
Sou essa menina com a rosa
Sou essa pessoa estranha apaixonada
Essa que carrega no ventre a necessidade da arte
Do amor, e do deslumbramento
Sou essa pessoa que caminha na normalidade
Que não quer paz, ou sossego
Sou essa mulher discutível
Sem medos de padrões sociais
Sem necessidade de atenção
Carente de compreensão, apenas
Sou essa que chora e não se entende
Como todas as mulheres que tem por aí
mas sou, sobretudo
Essa menina com a rosa.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Um dia de chuva


Foto: Arthur Leipzig


Terminou a visita da tarde... Uma hora discutindo vários casos, vários assuntos médicos. E eu estava sozinha.
Refleti sobre esse estado de inteira contemplação da solidão. Todos estavam em seus respectivos afazeres. Eu apenas assisti tudo acontecer por aquele breve minuto, tentando me localizar no espaço. Tentando saber o que seria de mim naqueles momentos.
Enquanto o professor foi embora e os enfermeiros faziam coisas que independiam da minha existência, lembrei que não poderia ir embora. Mas não havia o que fazer ali por enquanto.
Não tive medo de ficar sozinha. Mas, me deu angústia a indecisão.
Caminhei então, para algum lugar no momento indefinido, tentando encontrar a resposta imediata.
Busquei auxílio em meio as dúvidas. Em meio ao estranho. Em meio a minha desordem espiritual. Precisava daquele momento também.
Estava frio. Algo inesperado para nossas condições de tempo...
Mais uma surpresa para aquele momento.
Ainda estava descabelada. Cheguei à porta do hospital, caminhei lentamente, típico do andar do devaneio, da dúvida, do desencontro. Logo uma chuva chata e preguiçosa me anunciou que o céu chorava.
Olhei para cima, estava tudo melancólico. Refletindo cada pedaço da minha impressão. Continuava ali, à beira da rua, esperando o sinal mudar de cor. Vendo os pára-brisas trabalharem incensantemente. Como os corações.
Como aqueles corações, que mesmo doentes, se esforçavam, se compensavam, trabalhavam dobrado. Só porque é necessário.
Atravessei a rua e uma bicicleta passou por mim, quase me atropelando. Ela não estava sozinha. O homem que a guiava, apressado, não me pediu desculpas. Apenas seguiu seu trajeto, crente que tudo aquilo era necessário.
Correr, muitas vezes é necessário. Mas o mais importante, é manter a calma para tomar decisões importantes.
Foram mais ou menos essas as palavras de uma residente da cirurgia geral, nos alertando quanto aos pacientes que chegavam grave. "Não precisa se alarmar, não adianta. O importante é manter a calma e fazer o ATLS." Ela se referia a um algorítmo que a gente aprende para lidar com essas situações.
No momento pensei em quanta verdade e maturidade haviam naquelas palvras. Ela muito jovem. Como eu. E com decisões sempre tão difíceis à mão.
Sentei naquela lanchonete. Pedi uma vitamina. Resisti à tantas tentações realmentes perigosas à saúde.
Abri um livro. E de soslaio olhei para a rua.
A chuva triste continuava.
O tempo continuava zombando do meu estado de espírito.
Os carros continuavam vindo. As ambulâncias chegando. E eu perdida em pensamentos confusos...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

No dia de hoje...



Hoje estou naqueles dias que gostaria de dizer.
Quando você procura aquela pessoa pra conversar... Quando o orgulho não vale mais a pena. Quando você acha que um milagre fará tudo ficar bem.
Quando você evita a verdade.
Hoje, eu gostaria que as coisas fossem totalmente diferente. Que valesse mais o que eu penso, do que o que você pensa.

É como estive pensando, as pessoas se identificam, eu me identifco com as pessoas, e somos mais parecidos do que pensamos... Do que gostaríamos.
Porque queremos ser únicos e cometemos os mesmos erros de sempre.

O que me fez pensar naquela frase: "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma."



Não podemos nos separar da natureza. Não somos exclusos dela. Somos mais um pedaço.
É como entendemos o que é vivo.
Não faz sentido separar o que há de selvagem em nós. Somos isso também. Mas somos a natureza e mais um pouco.
Considerando tudo isso, somos pequenos pedaços mutantes. Somos partes de nós em transformação. Somos todos juntos. E um só ao mesmo tempo.
Não adianta independência. Não adianta ódio. Não adianta preconceito.
É como rejeitar o vital em nós. Somos feitos das mesmas moléculas. E não estou citando a bíblia.

E além, mais pra lá do horizonte, eu queria também estar errada hoje.
Queria que tudo fosse feito de palavras e menos tempo.
Queria que os sentimentos fossem menos dependentes de dor.
Queria aprender sem errar. Queria que, às vezes, fosse fácil dizer adeus... E que fosse menos necessário também.

sábado, 15 de agosto de 2009

Viagem espiritual


Uma hora a gente "pira", perde a cabeça, "dá a louca" e resolve que sumir do mapa é o melhor calmante...
Foi o que me deu essa semana. Fui embora. Férias forçadas, mas merecidas...
Descanso emocional e físico. Descansei até da dieta. E esse foi um descanso forçado... Nossa família nos obriga a comer.
Além de liberar o estresse foi ótimo rever todos. Ou quase todos, nunca consigo me programar e ver todo mundo... O que é uma pena, mas por outro lado é bom, pois sempre haverá um motivo para voltar logo. O melhor de tudo é ter um lugar pra ir.
Muitas vezes me senti sem casa para pertencer, sem lar, sem ter para onde voltar. E eu sinto falta disso.
Gosto de ser livre. E gosto de ter para onde voltar. Ou gostava, pelo menos, quando as circunstâncias eram outras.
Agora, vejo de outra forma. Tenho vários lares.
Os mais variados motivos, que vão além das lembranças...
Tem o lar da família de sangue, que também são muitos. E como é bom revê-los. Apesar de estranho às vezes... Seus núcleos conflituosos, como sempre... É bom estar entre os meus...
Tem o lar da segunda família. Amigos. Eternos amigos. Onde paira um ar de "doce lar". Um lado espiritual aflora em mim, quando estou lá. Onde sempre sinto que sou bem-vinda.
Tem o lar da amizade colorida. Que sempre traz fortes emoções...
Tem o lar da amizade. Onde eu percebi minha maior mudança. Mas o melhor, quando eu percebi que o que é importante prevalece, apesar da diferença, apesar da distância, apesar dos anos. A amizade verdadeira, sempre estará lá. Sempre.
Foi uma aventura afinal. Me rever em todas essas pessoas. É como nunca querer partir, mas sempre querer voltar. Minha necessidade de deixar também aflora.
No fim das contas, descobri muitas coisas sobre mim. Sobre o que eu penso.
Nas noites em que dormi cedo, tive mais tempo para pensar. E finalmente dormir. Muito.
Quero sempre ter para onde fugir. Pelo menos uma vez ano.

domingo, 9 de agosto de 2009

Da necessidade de estar aqui...



Te olhar, só por alguns segundos durante o dia
Por isso estou aqui
Te ouvir rir,
Te ver dançar,
Te sentir excitar, é por isso
Pra você me envolver
Reencontar suas curvas
Sentir seu suspiro em meu pescoço
Morder seu braço
Estou aqui para te ter de novo
Para ouvir sua voz
Para te ouvir tocar de novo, só pra mim
Estou aqui, perdida em lembranças
Porque queria que você estivesse aqui

sábado, 8 de agosto de 2009

Um começo: A corrida


Já faz um tempo que tomei esse gosto por corrida. Veio agora, porque não é mais por obrigação. Na época que eu treinava volei, era um verdadeiro martírio. Cinco minutos correndo, de frente, de costas, de lado, do outro lado... A gente tentava enganar a treinadora de todo jeito. No fim das contas não tinha jeito. Corríamos fingindo que não estávamos correndo...

Hoje, que não tenho mais obrigações com atividade física começou a fazer falta e confesso que não tenho paciência suficiente para só caminhar. Acho que é um pouco por causa dessa minha alma ansiosa, querendo sempre apressar as coisas... Então correr passou a ser um hábito bom.

Eu já estava com um bom ritmo, então, veio as provas e depois o estágio de clínica. Foram mais quatro meses de sedentarismo. Sempre me consolando, porque estava difícil conciliar estudos e todo o resto... Nunca é verdade. Inventamos tantas desculpas para tudo.
Bom, então veio um estágio mais calmo, sem plantões e com horários livres. Era minha chance de retornar.
Eu achava que ia voltar com tudo. Achava que seria praticamente uma campeã de maratona... Ledo engano...

Arranjei uns exercícios de uma revista sobre o tema. Bom, para mim pareciam simples e fáceis demais. Mas queria encarar a corrida com mais, como posso dizer, profissionalismo, ou talvez seja, mais seriedade.
No primeiro dia, era assim: Trote por um minuto e andar 2 minutos. Oito repetições.
Parecia fácil demais.
Comecei bem. Passava pelas pessoas me sentindo máxima, cheia de fôlego e força.
"Como é bom se mexer." Eu pensava, felizinha com meu MP3 e uma boa seleção musical. Via como tranquilamente a natureza se deixava ser bonita, banhada pela luz da manhã. Eram seis e meia da manhã.

Estava ereta, respirava bem e deixava a adrelanina transbordar por meus vasos sanguíneos.
Primeira série de caminhada. Estava satisfeita por ser tão inteligente. A música estava boa.
Então, começou a segunda série. Tudo bem.
E comecei a terceira séria. Veio um pouco de cansaço. Já era esperado também. Talvez não tão cedo. Mas não poderia me impedir de cansar.
Uma dorzinha na panturrilha, mas tudo bem. era só meu primeiro dia.

E comecei a quarta série. Um pouco ofegante.
Quinta série: dispneica. Tudo já doia. As pessoas pareciam chatas por correrem e caminharem sem dificuldade.
Primeiro pensamento: "O que eu estava pensando?!"
Quando o minuto de trote terminou, dei graças à Deus por poder caminhar.
E o que mais parecia atraente na paisagem eram os bancos.
Os segundos passavam, e eu já parecia restaurada para a próxima série de trotes. Já respirava um pouco melhor de novo. Recuperei forças do além e reinicie os trotes.
Sexta série: "Por que eu não fiquei em casa?"
Trinta segundos depois: "Que merda de idéia!"
Mais dez segundos: "Essa porra de tempo não passa?"
Minha respiração já superava a música.
Finalmente podia andar de novo. E que alívio! Dois minutos de descanso! Pensei em parar. Olhava para os bancos desejosa. E aquela grama verdinha! ideal para deitar...

Sétima serie de trote: Meu corpo implorava para não começa-la. Mas eu estava decidida, iria até o fim! MESMO.
Dez segundos: "Não vou ter mais músculos depois disso!"
Mais vinte segundos: "Me odeio, me odeio, me odeio, me odeio."
Acho que nessa altura já tinha uma expressão de assassina. Havia superado o estado de cansaço máximo.
Terminei alguns segundos antes de completar um minuto... Definitivamente o tempo não passava.
Caminhava quase parando... Estava devagar demais. Um velhinho muito simpático, passava por mim sem grandes dificuldades. Eu o odiei também.
Tentei apertar o passo de novo. "Última série! Última!"



Final: Comecei a trotar, se é que posso chamar aquilo de trote, acho que estava mais para uma dança estranha, lenta e não sincronizada. A música já era estúpida e lenta demais, parecia que eu ia chorar à qualquer momento. Mudei, com certa dificuldade, para uma mais agitadinha.
"Droga de relógio! Que idéia idiota! Estou velha demais! Pulmão estúpido!"
Acabou. Dei mais alguns passos cambaleantes e me sentei no banco mais próximo.
Voltei para casa ansiosa pelos próximos exercícios do caderno de questões...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Post nem tão perfeito do mês...


Estava aqui pensando uma coisa...
Pensando em como às vezes sou muito perfeccionista. Na verdade, acho que não é isso.



Não sou perfeccionista, nem chego perto disso. Mas às vezes me preocupo demais com certos detalhes. Apenas algumas vezes deixo de curtir certos momentos por achar que não é o suficente.
Ou aquele cara não é tão inteligente, ou é aquela blusa é barata demais pra ser boa, ou é clichê demais para ser um bom final...

Algumas vezes os detalhes me atrapalham.

Eu queria ser sempre aquela pessoa que sabe dizer as coisas certas na hora certa.
Se é que essa pessoa existe, tenho certeza que ela também não está satisfeita.



Foi no que estive pensando, numa mudança...
Então agora, eu me deixo.
Me permito.
Vou quebrar barreiras...



E daí que eu disse algo estúpido e ninguém entendeu. Tenho o direito de ser estranha e não compreendida.
O importante é ser real, independete e ser sincera.
E daí que não fui tão inteligente daquela vez, pelo menos tentei.
E existem tantos momentos que perdi por ser assim...

Talvez exista a pessoa certa, perfeita pra você. Talvez não.
Acho que no fim, simplesmente cansamos de expectativas e enxergamos o que realmente é importante.
Não é se conformar com qualquer um. É parar de criar obstucálos para viver. Viver cada momento plenamente e depois decidir. Sabendo.
Porque é necessário saber...
Conhecer... conviver... Errar...
Assim como é necessário ouvir, falar e sorrir. E chorar. E também é necessário escrever.
Por isso, agora eu me dou o direito.
Tenho direito de não ser tão inteligente assim e não me importar com a opnião alheia.
Tenho o direito de me achar boa e não estar nem aí se as pessoas vão me achar convencida.
Tenho o direito de ser poéticamente estranha e apaixonada...

Não estou falando de não modular defeitos.
Estou falando de aprender...
Porque sempre é necessário continuar aprendendo.
Só que quem não se permite, não aprende...

São os detalhes... Eles também podem ser bons...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Da vontade de ter alguém



De repente agora me lembrei desse texto de Vinícius... Da pessoa amada. E de como é bom.
É bom ter o olhar sobre você.
É bom ter a quem sempre recorrer.
Não quem te bajula. Mas que entende, independente de não entender...
No fim, nós somos únicos, mas não queremos ser sozinhos...