quinta-feira, 11 de junho de 2009

Um poema



Depois de todo aquele momento de medo e angústia, ela apenas o observava dormir. Já era quase dia. Não que ficasse muito claro lá fora, mas parte da escuridão já tinha ido embora. E em alguns minutos tería água de novo.
Ele tinha aquele sono gostoso e parecia que sonhava com o paraíso. Já fazia muito tempo que não pensava nisso. Não havia muito o que fazer por ali, mas mesmo o nada já começava a tomar conta de seus pensamentos.

Abriu a janela e resolveu escrever alguma coisa. Sentou-se em frente ao velho computador e digitou algumas linhas, era um poema bobo. Apagou de novo e olhou para a página em branco, esperando alguma inspiração. "Ainda perde tempo com isso?!" Pensou no que o marido diria se estivesse ali. E sentiu a falta dele.

"Amor, meu amor
Estou aqui há tanto tempo te esperando
Sonhando ansiosamente com nosso reencontro
Tento não pensar que perigos ainda vais enfrentar
Não sonhar tem sido difícil pra mim.
Meu amor,
Nossa vida, que era tão sólida
Destinada à felicidade constante..."

Escreveu mais essas linhas e parou ali. Não acreditava em nada daquilo. Mas ainda sentia falta dele.

"Meu bem,
Sua cura desse mundo cruel
está em mim,
Está aqui, junto ao meu peito
No nosso aconchego
Daquele jeito gostoso que você me embrigada
Com seus beijos doces.
Ainda está em meus olhos sua direção
Seu conforto, no meu colo
Suas angústias guardadas em minha lembrança
Então, quando você voltar
Vou te curar de toda essa tortura
Da sua cegueira que te levou para tão longe."

Parecia, enfim, algo real. Era aquela dor que ela queria descrever. E algumas lágrimas rolaram por sua face. No fundo, culpava o marido por tudo. O menino acordou e a observou por um momento e então preocupado perguntou:
_ Mãe, porque está triste?
Ela rapidamente secou os olhos e se virou para o filho:
_ Não é nada. Apenas saudades do seu pai.

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