quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Família.

O primeiro passa é admitir que vc não sabe bost* nenhuma...
Sair de casa entendendo que sempre haverá alguma coisa a aprender. Se abrir para o mundo e suas oportunidades... Não se engane, sempre haverá alguém para substituir você. Essa é uma das poucas certezas que você pode ter.
Hoje revisei o conceito família.


Umas das coisas mais dificeis em pediatria é atender a criança com o pai.
O pai sempre é complicado. Sempre têm dificuldade em lembrar dos detalhes. E os detalhes são muito importantes.
A mãe sabe explicar exatamente a cor, a textura, a consitência, a quantidade e a frequencia do cocô do filho.
O pai entende que é apenas cocô, o filho faz e já está de bom tamanho.
Quando vemos a criança com o pai, já nos preparamos, vai faltar muitos detalhes das informções.

Hoje atendemos essa criança, um garoto com um clássico tênis do "ben 10", cinco anos de idade e prolixo. Ele veio acompanhado do pai. Confesso que já respirei fundo. Mas tudo bem, era só um retorno, muitas das informações já deveriam estar na pasta.
O pai, tinha um problema para andar, o fazia com ajuda de um apoio e ficou ali em pé, timido, recostado à parede, e por mais que nos esforçassemos ele se recusou à sentar. Era compreensivo, porque iriamos ver a dificuldade que ele teria e isso o deixaria vulnerável. Coisa que ele não queria transparecer.
Era um homem muito simples, com boa postura e orgulhoso por ser quem era. Parecia que ele sabia exatamente isso.
Foi uma das minhas primeiras lições, somos nós quem dizemos quem somos. Não vem do meio. Vem da gente. E é tão raro a gente saber disso. Mas ele, sabia.

E então a consulta começou, e ele sabia explicar tudo. Não vou dizer que não existiram outros pais tão atenciosos, mas são raros.
Bem atento aos comentários e orientações, bem humorado, com toda sua simplicidade, demosntrou que era um bom pai.
Explicamos tudo que era necessário, nos apaixonamos pelo garoto e todo seu conhecimento pelos monstros do "ben 10".

No fim, descobrimos que o garoto era adotado. O pai, o encontrara abandonado pelas ruas, o levou para casa, ofereceu um lar e mudou o nome dele.
Na hora foi só uma história bonita, raras de se ver.

Mas agora, cheia de inspiração, aprendi mais uma coisa. Ou reforcei o aprendizado.
A família.
Aqueles que a gente escolhe sim, amar. Não o acaso.
Aquele homem, deficiente, com todas as suas limitações, que com certeza não sei detalhar, abriu seu coração e sua casa para receber um estranho e construir uma família.
Não havia cor, errado, diferente, dificuldades, limitações, ofensas, que poderiam interferir.
Havia amor.

Quando nos apaixonamos, escolhemos alguém para construir uma família. Quando a mulher está gerando o filho, todos ESCOLHEM amar aquele novo integrante.
Quando fazemos novas amizades, escolhemos.
Não é diferente da adoção.
Família, a gente escolhe.
Ou pelo menos, decide se ama ou não.

Então, é assim, você tem esses bonecos brancos, carecas e sem graça.
Você pode escolher passar o resto da vida reclamando, porque seus bonecos são feios e defeituosos, enquanto os do seu vizinho são bonitos, azuis e cabeludos.

Ou, você pode pintá-los. Aumentá-los. Vesti-los. Comprar uma peruca. Desenhá-los com lápis de cor.
E amá-los.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Coisas que não deveriam acontecer...

Paixão não correspondida...



Um coração quebrado, é triste e solitário.

A melhor coisa do mundo é o começo de um romance. Os olhares tímidos. A ansiedade e as descobertas.
O toque é altamente excitante. E o primeiro beijo da noite dá aquele frio na barriga. Vem acompanhado de um sorriso maroto e envergonhado.
Encostar no corpo dele é tudo que vc esperou a semana inteira para acontecer.
Aquele abraço gostoso e sem compromisso. Sem cobranças.
As discussões sobre vinho, que você adora perder só para ver a fáscies de satisfação dele.
As cóscegas... É tão bom rir. E ele ficar te olhando um longo tempo só para depois dizer que seu sorriso é lindo.
A primeira vez que as mão dele descobrem seu sutiã. Quão perigoso...
A primeira vez que vc descobre que  a melhor coisa do mundo é sentir o calor do peito nu dele junto ao seu.
Aquela sensação estranha toda vez que vcs se reencontram. Seu coração dispara. Parece que vc vai vomitar. Fica zonza. E tudo volta ao normal depois que ele te abraça e vc sente o cheiro dele.
Tudo que vc quer dizer é que sente falta dele, mas tem que se controlar para não parecer louca.
Para não espantar.
Para não dar azar.
Para não perder o controle.



De repente a melhor parte do seu dia é quando se falam ao telefone. Mesmo que seja para ouvi-lo contar um monte de coisa que vc não entende sobre aquela pesquisa que ele está fazendo.
Esperando para ele tocar sua nova musica... Era bom ouvir.
E seu nome ganha outro padrão na voz dele.
Parece tão perfeita essa combinação.
A primeira vez que vocês dormem juntos: ou a primeira vez que vc tira ele da cama por ser tão ansiosa.
E então vai acordá-lo no outro cômodo da casa, no dia seguinte. É preciso ir, mas vc nao quer.
A luz da manhã é tão bonita.
E ele acaricia e beija seu ombro e tudo o que vc deseja é que aquele momento não acabe nunca mais.
E nada mais importa. Não há cobranças... Não existe amanhã...

E então, tudo muda. Nada é suficiente.
E ele não quer compromisso. Vocês não querem mais as mesmas coisas, apesar de vc continuar o querendo.

Quando você percebe está aqui, escrevendo sobre algo que deveria esquecer, tentando desfazer esse nó na garganta, esperando para que tudo comece outra vez...

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"É que na verdade só o amor dá cor pra vida, nunca canso de repetir. Depois da cor, o preto e branco e as escalas de cinza ficam tão... insuficientes. E tem gente que é tão tola, egoísta ou irresponsável ao pintar telas de amor no coração da gente, não é mesmo? Usam tinta têmpera e depois derramam um copo dágua por cima. É, viver também é sobreviver. O problema do amor é que, nele, é impossível correr riscos calculados. Se não tem entega, não é amor, não é pintura à óleo, é rascunho com têmpera. "

Enviado por João Adolfo Guerreiro em 24/11/2009 12:26

para o texto: Paixão não correspondida.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Bichinhos de goiaba



Dizem que as mulheres têm esse instinto natural para a maternidade.
Não duvido disso.
Eu mesma, já senti algumas vezes, quando estava com um bebê risonho nos braços, a necessidade de ter meu útero preenchido daquilo.
Existem tantos significados ser mãe.
Felizmente em outros momentos, que preenchem quase totalmente minha vida, tenho que ser racional e entender que há hora pra tudo na vida e é melhor planejar bem as coisas.
Então, houve momentos que eu quis ser pediatra. Poucos também.
A questão na verdade, não é essa.

Estava lendo essas reportagens na revista Carta Capital, sobre o mercado da pedofilia e sobre o bem que a diminuição da natalidade trouxe ao mundo.
Você sabia que a existe um mercado "pedófilo" que movimenta todo ano 5 BILHÕES de doláres?
Eu não sabia.
Foi um choque pra mim. É terrível, desagradável e indigerível saber disso.
Saber que nossas crianças estão expostas à isso. E isso ser tão valioso.
Você pode me achar ingênua. Continuo chocada.

Então, me lembrei de uma conversa que tive com um professor. Sobre ele só querer ter um filho. E alguns amigos, que preferem não colocar nem sequer uma pessoa no mundo.
E estava avaliando como o desenvolvimento do país muito tem haver com a diminuição da taxa de natalidade, não se sabendo quem gera quem...
Já há uma estimativa que a natalidade em 2020 será apenas a de reposição. Ou seja, cada casal terá no máximo, dois filhos. O que gerará uma grande mudança no cenário social do mundo. Em muitos aspectos.
Me impressionou tudo isso.
Mas também não é essa a questão.

A questão é, como não ter medo?
Como acreditar que aqueles seres pequeninos, desnutridos, anêmicos, descalços e sujos podem mudar a nossa realidade? Tão indefesos e já tão promiscuos...
Muitas vezes já corrompidos. É desagradável. Fere o nosso ego.
Fere meu sonho de ser mãe.

Existe tanto abandono.
E o mundo se desenvolvendo e as crianças diminuido. Ficando raras. Encarecendo esse mercado.
E nossas políticas (do Brasil) tão pobres. Tão corruptas.

Só me lembro de um estudo feito no ABC paulista, que li há alguns anos, sobre castração química nos presos por pedofilia, ajudando na pena. Não sei como anda.
Mas ao contrário de países europeus e outros desenvolvidos que discutem seriamente o problema, em busca de solução, nosso país, hoje focado nas eleições, não pensa muito à respeito.

Estar no curso de pediatria, me fez muitas coisas.
Ver crianças todos os dias, de todas as formas.
Me fez mais romantica, mais doce, mais pessimista e descrente, maleável e também mais resistente.
Principalmente me mostrou que muitas vezes temos que lutar só com o que temos.
Mesmo que seja um pedaço de pau e algumas pedras.
Ou um copo de água filtrada e quente.
Boa sorte aos pediatras e cuidado futuros papais.

domingo, 15 de novembro de 2009

Sobre Nudez



Interessante o que define a inteligência humana: A capacidade do ser humano de saber e pensar sobre sua existência e saber que vai morrer.
Inteligência...
O ser humano aprende a se indignar.
Estamos sempre aprendendo... e pensando...
Nós aprendemos com nossa cultura a proteger nossos ideais. E nossas formas corretas, incorretas e desconexas de pensar.
Criamos justiça, e culpa, e pena perpétua, e suicídio.
Criamos também o fim do mundo. A cada século. Todo ano - 2012. E toda sexta-feira treze.



Desiludimos o amor, somos modernos e depois voltamos a casar no castelo de chantily.
Somos egoísta e criamos o amor que liberta, a boa ação, a doação, os milagres, os santos. E Deus.
Ou o nosso Deus, que responde aos nossos chamados e ao qual culpamos pelo o que fazemos.
O mundo vai acabar porque Deus quis. E continuamos fazendo aquilo que decidimos que fará o planeta esquentar.
Não acreditamos no que aprendemos.
Nem pelo o que lutamos, apanhamos e fomos presos.
Lutamos por sexo, paz e rock´n roll. Pelo nosso sexo, à dois, heterossexual e careta.



Não liberamos a maconha. Mas há homens loucos e descontrolados matando seus semelhantes na ilusão, alusão das armas nucleares = barris de petróleo. Permitimos isso, mesmo sem concordar.
Tememos o terrorismo.

Somos reféns do nosso medo, ou preguiça, ignorância, inteligência.
Somos reféns no tráfego. Tráfico. E nas zonas. E na putaria.
Continuamos fazendo guerra, porque é necessário e digno. Seus Indignos!!
É contraditório. Mas nos matamos por um ideal.$$$$$. Seja ele qual for.
E por fim, ficamos nus por nossos ideais.
Arrancamos a roupa de ódio.



Também ficamos nus por dinheiro.




Há vestidos curtos. Mas há um governo corrupto.
Fazemos uma rebelião cheia de hipocrisia, pré-conceito, inveja, machismo e moralismo???, por causa de uma calcinha à mostra. Mas perdoamos aqueles que guardam dinheiro na cueca.



Escondemos nossas taras, mas não nossos preconceitos.
Medimos nossa inteligência pelo tanto de roupa que usamos.
Mas Fernanda também tirou a roupa.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Em coma


Era um corpo inerte
Olhos cerrados, apagados
Arreflexivos
Não havia medo em sua expressão
Mas não havia expressão alguma para se ver
Sua lápide mal programada deveria esperar
Seus bens logo seriam contados,
e repartidos
Mas seu coração ainda batia
Não havia vida ali, ou havia?
A máquina movimentava seus pulmões
Ele era apenas uma extensão
Uma oportudidade para o adeus
O fim de algo que parecia não acabar
Porque seu coração ainda batia
Sua história não estava mais em seus olhos
e nem ao menos havia rugas
Mas uma pequena tatuagem
para lembrar de seus antigos sentimentos
de suas alegrias
de seus medos
de suas transgressões
Era uma lembrança, que me contava um pouco
do que ele era
Apesar, de naquele momento não ser nada
além de uma simples extensão daquela máquina
Era apenas uma oportunidade para dizer Adeus...