terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

EU NÃO SEI!


Hoje minha mão está doendo para caramba. E eu  não sei porquê.
Muitas vezes nos deparamos com isso na vida.
Com as incertezas.
Eu odeio as incertezas. Tanto quanto odeio estar errada.
Até sinto um certo conforto em não saber.
Não saber o que posso aprender.
Mas quando eu sinto que fiz tudo o que estava ao meu alcance e mesmo assim, mesmo com as perguntas certas, mesmo assim não sabemos o que causa aquele febre. Isso me deixa doente.
Eu já deveria saber, que é assim que eu começo. Do avesso.

O Haiti foi devastado. Ainda estamos chocados com aquela imagem crucificada no meio dos escombros. Aquela única que sobrou da igreja.
Aqui no Brasil, morremos afogados. Desesperados. Correndo dos bandidos. Morremos de medo.
Aqui em Ribeirão Preto, a vergonha dessa gente que não entende o respeito ao proximo. E terminou expulso da faculdade, já que até na lei existe eufemismo para racismo.
Aqui na minha casa, paira um ar estranho de que tudo está errado.

Mas o que eu realmente queria falar é que é doloroso para mim falar quando não me entendem.
E ter que explicar para aquela mãe que não tínhamos encontrado nada de errado com seu filho, foi sufocante.
Eu fiquei impaciente porque ela não me entendia. Seu filho tinha problemas de cognição. Estava tudo restrito.
Por fim, para terminar minha parte da consulta, sem  na verdade explicar nada eu disse que os exames iriam demorar.
Ela me respondeu que não interessava. Ela estava ali para descobrir o que o filho dela tinha.
Naquele momento eu me perguntei, e eu?
No fundo, eu sabia que não sabia e que não havia nada mais a fazer a respeito, além do que estava sendo feito. Mas senti culpa. Culpa por não me esforçar mais. Culpa por saber mais do que ela. Culpa por nossos vocabulários serem tão distintos.
Entao, respirei fundo e recomecei.
_ Não estou dizendo que seu filho não está doente. Estou dizendo que todos os exames que fizemos até agora deram normais. E que não sei o que ele tem. Por isso será necessário mais exames. Talvez passe logo, talvez em algum tempo apareça a causa da febre.
Ela finalmente me entendeu. Agradeceu e mesmo que não estivesse satisfeita, sabia que eu havia tentado.

Um comentário:

Vampira de Luxo disse...

Nada melhor como a boa e velha sinceridade... Bom post amiga, rápido, direto e cheio de emoção. Adorei!